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Pré-GP

  • corridaonline
  • 11 de abr.
  • 2 min de leitura
A MÍSTICA DA F1

por: Paulo Torino


A década de 50 foi marcante para o século XX. No sábado, dia 13 de maio de 1950, a F1 realizou seu primeiro Grande Prêmio e ele aconteceu na Base Aérea de Silverstone. Naquela época, a Europa vivia o resplandecer de uma nova era, depois do sofrimento imposto aos seus habitantes nas duas Guerras Mundiais. Era o nascer de um outro mundo e os ingleses queriam uma vida plena de felicidade, sem abandonar suas tradições. Como o descanso dominical era sagrado, os eventos esportivos aconteciam aos sábados e assim, a Fórmula 1 se adaptou a realidade.


Muito diferente dos dias atuais, a categoria esbanjava requinte e sofisticação ao público. Os pilotos eram verdadeiros astros, e naquele sábado, foram apresentados ao Rei George VI e sua filha Elizabeth, a futura Rainha da Inglaterra. A família real acompanhou a corrida das arquibancadas e tudo que aconteceu naquele final de semana tem se repetido ao longo destes 75 anos de história da Fórmula 1.


No mesmo ano, do outro lado do oceano, em Nova York, uma talentosa psicóloga chamada Betty Friedan iniciava sua vida como mãe de três filhos na cidade de Grandsview. Com o passar dos anos, ela começou a perceber que as suas alternativas eram menos diversificadas que aquelas das mulheres que viviam na Europa e principalmente, as soviéticas de sua idade. Uma norte-americana casada deveria ser, acima de tudo, mãe e esposa; se desejasse seguir uma carreira, seria como se estivesse optando por um celibato vitalício, como descreve Geoffrey Blainey, no livro Uma Breve História do Século XX.


Friedan notou um vazio na vida cotidiana de muitas mulheres de sua geração e escreveu: " Depois de arrumar as camas, ir ao armazém, comer sanduíches de pasta de amendoim com os filhos e levá-los de um lugar para o outro, ela deita ao lado do marido à noite, temerosa de perguntar para si mesma: ´É só isso?´.


Esse seu depoimento publicado em 1963 com o título A Mística Feminina, aconselhava as mulheres casadas a trabalhar fora e seguir uma carreira... uma semente que germinou e ainda inquieta as mulheres de todo o mundo.


Mas o que isso tem a ver com a F1? Muito. Observem a monotonia transmitida pela TV neste final de semana no GP do Bahrein.






Do padoock vão emergir pessoas com uma vida vazia como aquela das mulheres americanas observadas por Betty Friedan.

Observem as imagens da TV, vejam os pilotos, os chefes de equipe, engenheiros, mecânicos, comissários, auxiliares de pista, todos seguem o mesmo roteiro, repetem os mesmos gestos, fazem as mesmas caras, pronunciam as mesmas frases e, ao final, chegam aos mesmos destinos. Assim acontece GP após GP, numa rotina futebolística enquadrada diante das telas para o conforto das geradoras do espetáculo. Um mundo pré-concebido, que se distancia dos fãs e dá uma sensação de ausência para o público presente nas arquibancadas e para quem está sentado no sofá. Tudo é uma fantasia criada para atender os patrocinadores, algo que transforma as corridas da Fórmula 1 num videogame, com hora programada de início e fim.


Está na hora de alguém escrever A Mística da Fórmula 1 e nos libertar para o futuro.




 

Fotos: Paulo Torino

11 abril 2025

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